sábado, 16 de agosto de 2008
MARINÊS - A RAINHA DO XAXADO
Marinês Caetano de Oliveira nasceu em São Vicente Férrer, Pernambuco, em novembro de 1935.
Sempre cantou, mas com 10 anos resolveu ir à rádio de Campina Grande, cidade paraibana aonde sua família se mudara.
Para se esconder do pai, disse que seu nome era Maria Inês. Na pressa do radialista, acabou virando Marinês, nome que a acompanhou ao longo de quase seis décadas.
Quatro anos depois, estava casada com o sanfoneiro Abdias dos Oitos Baixos. Nos anos 60, Chacrinha chamou seus músicos de sua gente. Marinês e Sua Gente ganharam o Nordeste do Brasil, quase sempre anunciando as apresentações de Luiz Gonzaga, que conheceu no município sergipano de Propriá.
No repertório, o forró, em suas variações rítmicas. De uma delas, veio o título de Rainha do Xaxado.
Gravou seu primeiro compacto em 1956. Os vínculos com Gonzagão foram permanentes, com Marinês e sua indumentária real: o gibão e o chapéu de vaqueiro com que Seu Lua formou sua imagem.
Segundo o pesquisador musical Ricardo Cravo Albin, Marinês era uma voz encorpada e cálida, uma presença exuberante e um repertório que só inclui as vísceras do Nordeste.
Atuou no cinema e cantou sucessos como Pisa na fulô (João do Vale, Ernesto Pires e Silveira Jr.), Xaxado da Paraíba (Reinaldo Costa e Juvenal Lopes), Aquarela nordestina (Rosil Cavalcanti), Meu Cariri (Dilu Melo e Rosil Cavalcanti), Balanço da Saudade (Antonio Barros e Silveira Jr.), História de Lampião (Onildo de Almeida), Gírias do Norte (Jacinto Silva e Onildo Almeida), No terreiro da Usina (Zé Dantas), Xote de Pirira (João do Vale e José Batista) e muitas outras.
Em 1998, com produção da cantora Elba Ramalho, lançou pela BMG o CD "Marinês e sua Gente", contando com a participação de importantes nomes da Música Popular Brasileira contemporânea, quase todos do Nordeste. Uma das faixas de destaque é o dueto com Alceu Valença em "Pelas ruas que andei", do cantor e compositor pernambucano. O disco foi uma homenagem de Elba e outros artistas àquela que considerada mestra. No mesmo ano, a Copacabana/EMI lançou uma coletânea de seus sucessos remasterizados na série "Raízes Nordestinas".
Em 2005, lançou o disco-homenagem "Marinês canta a Paraíba", produzido por Noaldo Ribeiro, com patrocínio do governo do Estado, onde a cantora iniciou a carreira artística. O CD que tem a participação da Orquestra Sinfônica da Paraíba em cinco músicas: "Saudade de Campina Grande"; "Aquarela nordestina"; "Meu Cariri"; Sublime torrão" e "Campina, minha campina", vem acompanhado de um libreto de 52 páginas e de um CD com imagens e depoimentos de Paulinho da Viola, Tetê Espíndola e do ministro-cantor Gilberto Gil.
Deixando mais de 40 discos gravados e tendo sido precursora dos grandes movimentos do forró, inclusive na formação da formação de grupos do gênero, sofreu um acidente vascular cerebral no dia 5 de maio de 2007, vindo a falecer dez dias depois. Seu corpo foi sepultado em Campina Grande, onde a cantora iniciou a carreira. Sua morte causou consternação no universo do forró, tendo o Ministro da Cultura Gilberto Gil divulgado nota lamentando o fato: "O Brasil perdeu hoje sua rainha do forró, a primeira grande cantora nordestina que aparece nos anos 50, inaugurando um ciclo de ouro da voz feminina na música do nordeste". (Bibliografia Dicionário Cravo Albim MPB)
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